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A Dr. Bones portuguesa

A Dr. Bones portuguesa

Cláudia Ranito lançou a Medbone com um produto inovador, sem clientes, e com um empregado, ela própria. Durante um ano o quadro elétrico não tinha a potência necessária para produzir, mas superadas as dificuldades iniciais, exporta hoje para mais de 50 países e quer tornar-se uma referência internacional na regeneração óssea.

Cláudia Ranito lançou a Medbone quando ainda não se falava de empreendedorismo em Portugal.

Claudia Ranito estava a trabalhar numa empresa em dificuldades financeiras quando deparou com duas opções: emigrar ou criar o seu próprio negócio. Optou por ficar em terras lusas e arriscar com uma empresa numa área que a apaixonava: a da regeneração óssea. “A Medbone nasce na sequência do meu percurso académico conjugado com o meu interesse constante pela área da saúde, mais concretamente pela área da regeneração óssea. Decidi arriscar e não estou nada arrependida. Hoje em dia temos quatro gamas diferentes de produtos no mercado: três linhas de produtos para uso humano e uma linha especial para uso em animais”, revela a empreendedora.

Criar o seu negócio foi uma alternativa a ser forçada a emigrar. Hoje produz ossos para as indústrias médica, dentária e veterinária.
Engenheira de Materiais, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, esteve sempre ligada à investigação e desenvolvimento, que entendia que só fazia sentido quando era prática e aplicável à realidade. “A indústria dos dispositivos médicos em Portugal estava a dar os primeiros passos, por isso decidi abrir o meu próprio negócio para me dedicar à investigação e desenvolvimento de novos produtos e comercializá-los”, recorda. Hoje em dia, produz para as indústrias médica, dentária e veterinária.

Sem potência para produzir
Hoje, o maior desafio de Cláudia Ranito é “gerir novos projetos e novos produtos, acompanhamento de clientes atuais, reuniões internas, processo de produção… Temos que fazer uma boa gestão do tempo e definir bem quais as prioridades”. Mas nem sempre foi assim.

Durante um ano a Medbone não conseguia produzir porque o quadro elétrico não tinha potência suficiente.
A empreendedora aponta a burocracia como a principal dificuldade para uma empreendedora em Portugal. Mas diz com orgulho que nem mesmo isso a demoveu o seu principal objetivo: ter a sua própria empresa. “Conto muitas vezes a história de que a Medbone esteve cerca de um ano sem conseguir produzir porque não tínhamos potência suficiente no quadro elétrico”, recorda.

Conseguir financiamento também foi uma barreira superada. A Medbone foi criada em 2008, financiada inicialmente por um banco espanhol. Cláudia Ranito recorda que naquela altura não se falava de empreendedorismo em Portugal como se fala hoje. “Mas depois foram surgindo alguns prémios que também ajudaram no crescimento da empresa, por exemplo, para a aquisição de equipamentos”, explica.

Apesar de trabalhar com países que impõem algumas limitações às mulheres, a engenheira de materiais nunca se sentiu, até hoje, alvo de descriminação por ser mulher: “Julgo que a chave para o sucesso está no facto de respeitarmos as culturas de cada país. A Medbone tem como clientes, por exemplo, a Arábia Saudita, onde as mulheres têm muitas limitações. Já estivemos presentes numa feira internacional no Dubai e também aí não senti qualquer tipo de diferenciação. É uma questão de respeitar todas as culturas e marcar a diferença pela qualidade do produto e do serviço”.

Começou sozinha, mas hoje já tem seis colaboradores e planos para continuar a crescer.
O céu é o limite
A Medbone nasceu sem clientes e com uma única empregada, a sua fundadora. Hoje fatura meio milhão de euros, 90% da produção destina-se a mais de 50 de países espalhados pelo mundo, como, por exemplo, a Turquia, Espanha, África do Sul, Itália, Camboja e Argentina, e Cláudia já tem seis colabores e planos para crescer.

Projetos em vista tem vários. Em 2015 mudaram de instalações e lançou um novo produto no mercado (osso injetável). Este ano conta lançar outro produto, e obter a aprovação final da FDA (Food and Drug Administration) para vender os seus produtos nos Estados Unidos. “O mercado não para de inovar e a Medbone não pode, e não quer, ficar para trás”, revela Cláudia Ranito, que quer que a sua Medbone seja uma empresa reconhecida internacionalmente na área da regeneração óssea.

 

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nuno.mendes